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sábado, 3 de setembro de 2011

A Copa do Mundo não é nossa!



Quando foi anunciado que a Copa do Mundo de 2014 seria realizada no Brasil e as Olimpíadas de 2016 no Rio as notícias foram saudadas como panaceia para a modernização do país e a ideia do “Brasil Grande”.Tudo daria certo e o barco do desenvolvimento nos permitia comprar mais geladeiras e participar de festa antes só possível em países ricos. Jornais e TVs avisavam que “agora” ia e estávamos rumo a um novo lugar no mundo e depois da copa de 2010 na África do Sul e da “democratização” da escolha das sedes dos megaeventos, havia chegado a nossa vez.

Esqueceram de avisar que os convites da festa são restritos. Os Megaeventos anunciados com pompa e circunstâncias pela mídia e governos escondem sob a máscara da festa o trator da especulação imobiliária, remoção e exclusão de pobres e seu lançamento para longe do centro urbano e com infraestrutura precária de transporte, saneamento, etc.

Esta reforma urbana compulsória e nunca é ligada às necessidades do povo é já ocorreu na África do Sul quando, segundo a Rede de Educação Cidadã, removeram mais de 20 mil famílias para regiões empobrecidas da cidade.

 Na Grécia o maior legado da Olimpíada de 2004 foi o aumento do passivo ambiental do país e ampliação da dívida pública de forma avassaladora, com o nada desprezível indício de ter sido uma das razões da enorme crise por que passa o país nos dias de hoje. E o modelo Grego parece ser o utilizado tanto na África do Sul quanto no Brasil, especialmente no Rio, hoje em dia, quando o financiamento de estádios e obras obedece a um foco que exclui benefícios sociais diretos em nome de opções discutíveis como o investimento em estádios em detrimento de hospitais e de investimentos na educação. 

Não à toa o Rio de Janeiro que gasta 30 milhões para sediar o sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do Mundo tem professores e Bombeiros em conflito com o Governo Estadual, com ambos tendo salários baixíssimos. Os professores, em greve, ganham por vezes menos que o salário mínimo e os Bombeiros têm o mais baixo salário do País.

E os governos ainda consideram as remoções como naturais, pois “A vida é assim”. Só no Rio podem atingir a cerca de 20 mil pessoas conforme o comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro sem que os governos digam a verdade sobre a quem as remoções servem. Segundo a observadora da ONU para assuntos de moradia, Raquel Rolnick, a realização de mega eventos traz consigo o desrespeito aos direitos humanos e encarecimento do preço da terra e com isso o aumento da especulação imobiliária.

Isso não é exclusivo do Rio de Janeiro, no Ceará o Governador Cid Gomes segue política de remoção semelhante à carioca em São Paulo as remoções atingem a população de Itaquera, local onde está sendo construído o estádio conhecido com “Isentão” dada a quantidade de isenções fiscais fornecidas aos seus proprietários.

Esse processo de junção dos Megaeventos com reforma urbana exclusiva e especulação é uma das faces do capitalismo que poucos dizem. Por trás dos Megaeventos existe uma rede de especulação internacional, que lucra, e muito, com a remoção dos pobres e valorização da terra, mesmo que isso amplia a bolha imobiliária que pode ser o calcanhar de Aquiles de nossa economia, como que uma continuação aqui do que ocorreu nos EUA a partir de 2007. 

Só no último ano o preço dos imóveis subiu cem torno de 25% no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, não coincidentemente as cidades são sedes da futura Copa do Mundo. Hoje um imóvel nestas cidades pode custar mais que em Nova Iorque e Miami. De 2008 até hoje o valor dos imóveis subiu 96% no Rio e em São Paulo e não coincidentemente o ritmo das remoções nas favelas e a criação de UPPs aumentaram.

É por isso que a copa do mundo não é nossa e vai nos retirar de nossas casas, nos impedir de ir aos jogos e deixar a economia cada vez mais frágil com aumento do desemprego e com prejuízo de hospitais e escolas cada vez piores. A única solução para isso é lutarmos para impedir que a Copa seja uma cortina de fumaça para ataques ao nosso povo, por isso é preciso ir às ruas e mostrar a cara suja dos eventos que só enriquecem os velhos e gordos cartolas e políticos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Futebol e democratização da mídia

 O futebol é estranhamente tratado como coadjuvante nas pautas jornaleiras no que ele tem de político, não internamente, mas na relação entre o esporte mais amado do país e o poder real, aquele que usa faixas, e o poder da hegemonia cultural, especialmente na relação da mídia com a comunicação democrática.

 Esse papel de coadjuvante dado a algo que culturalmente marca percepções da realidade, jargões, ditos, e em que a população em peso tem algum tipo de posicionamento, para o bem ou para o mal, é algo que surprende, ainda mais quando parte do aparato midiático o trata como "apenas um jogo", como algo que sai da "seriedade" e é "pra se divertir". O futebol, é café com leite, primo das novelas e do cinema, é tratado como algo que é apenas um show. Tal percepção não é uma limitação intelectual, mas um desprezo solene pela determinação popular da importância do esporte em suas vidas e pela rede de relações que o esporte tem nos meandros políticos oficiais, e sua importância na manutenção de impérios de comunicação, como eixo de poderio que obviamente influencia nos usos e costumes destes impérios e sua influencia em outras áreas.

 O futebol elege pessoas, mantém uma importante parte da economia, gera receita, gera com uma grande capilaridade uma teia de membros que formam maiorias, bancadas e tem poder de influencia direta em votações no congresso, na geração de receitas para empreiteiras, ainda mais em período próximo a mega-eventos esportivos,  e outras áreas da economia. O futebol é um grande negócio, e pai de vários grandes negócios. A relação da mídia, especialmente televisiva, como futebol é diretamente ligada a estes grandes negócios, mas também se relaciona com o tamanho do poder de influencia das redes determinado pela concentração de audiência e pela tradição de transmissão esportiva como meio de manutenção desta audiência. Este segredo de tostines guarda uma relação de ganho de poder e de concentração de mídia, que paulatinamente se transforma no domínio da Globo sobre o esporte a ponto de determinar que sua programação é determinante dos horários de jogos, em uma inversão de valores onde o conforto e o direito de milhares de pessoas são inferiores às necessidades de transmissão pela primadona.

 A possibilidade da grande Vênus Platinada tomar um olé e perder o direito de transmissão do campeonato Brasileiro não é  algo que afeta apenas o esporte, o horário dos jogos ou a relação de poder entre os clubes e a CBF, amiga íntima da Globo, mas que abala mais que isso, abala a relação comercial da Vênus com diversos grandes negócios relacionados com o futebol, causa um terremoto no poder da emissora e a leva a outro patamar na busca pela manutenção da audiência, e isso afeta o poder de influencia, fora o financiamento da máquina da rede. 

A perda dos direitos por parte da Globo abre uma brecha para um ganho de democratização na mídia, pois regulamenta em parte , distribui o poder das redes, reduzindo a concentração de audiência e os plenos poderes da Vênus sobre não só o esporte, mas sobre o que se discute no dia a dia, o que é ou não notícia, pois a audiência vai ter de ser reconquistada e com força e isso não se faz apenas com filmes, dado o peso que o futebol tem na cultura, no dia a dia do brasileiro.

 Por essas e outras que a CBF mexeu-se e ataca a união dos clubes no clube dos 13, já abalada pelas peraltices de seus cartolas, através de medidas de agrado a clube a ou b, como os reconhecimentos dos títulos de antes de 1971 e agora do título do Flamengo em 1987, títulos esses que parece que precisavam de reconhecimento cartorial, quando o histórico bastava. A ação da CBF é um meio de pressionar para que não se rompa o eixo de contratos firmados entre os clubes e a Vênus, aliada da Confederação em obscuros negócios e assuntos, e impeça o surgimento de outro player de peso na área, que possa fortalecer os clubes ao ponto destes não necessitarem mais beijar as mãos do Capo di tutti capi Teixeira...

O peso do "coadjuvante" futebol nos negócios, audiências e infraestrutura política é algo fundamental para entender como o "Jogo", o "divertimento", tem uma importância superior à sua redução à uma paixão "leve". Entender o quão influencia no peso das pautas jornalísticas das emissoras, e com isso na audiência às idéias defendidas por emissora A ou B, é fundamental, assim como entender a importância comercial para as emissoras e a importância de barrar movimentos de maior independência dos clubes é necessário para manter uma rede de relações políticas que vão além da manutenção do poder da rede e da cartolagem, e se relacionam diretamente com outros interesses, interesses esses que elegem pessoa,s formam bancadas,etc..

 A democratização da mídia hoje pode passar pelo futebol, por isso que o Imperador Teixeira se une à Globo e suas ações fomentam uma divisão que poderia enfraquecer ambos. É a união de forças para impedir abalos na carcomida estrutura.